quarta-feira, 29 de abril de 2009

SIGMUND SZABÓ.

Qualquer pessoa que olhe os céus de Cambuquira nesses meses de outono e inverno poderá entender porque um velho dentista húngaro se apaixonou por este lugar.

Sigmund Szabó, talvez um fugitivo da Europa que não desejava mais aqueles que processavam a fé dos ensinamentos da Torá, trabalhou como dentista no Rio de Janeiro até se aposentar. Aposentado, como já conhecia nossa cidade, encantado com aquele infinito ilustrado pela via láctea, resolveu se mudar para esta cidade e nela realizar o velho sonho dos seus tempos de infância, talvez influenciado até mesmo pelas histórias de seus ancestrais que viajavam pelo deserto guiados pelas estrelas do céu.

Na cidade contratou o construtor Agostinho Franco para construir sua casa na Av. Júlio Lemos onde reservou nos fundos da casa um espaço perto da garagem onde guardava o seu velho Ford para ser o seu laboratório. Naquele cantinho, aquele velhinho morena com o mínimo de cabelos na cabeça e uma corcunda acentuada pelos longos anos de vida, ele preparava as lentes e espelhos com os quais veio montar um telescópio de 250mm.

Com esse aparelho caseiro ele mostrou aos estudantes locais, pela primeira vez, as famosas crateras da lua., os planetas, as nebulosas entre outros corpos celestes visíveis por telescópios.
No pátio da casa, nos dias de lua crescente ou minguante, aglomeravam vários jovens e outras pessoas da comunidade para ter contato com esse mundo que parece ficar tão perto de quem vive nas montanhas mas ao mesmo tempo invisíveis para o olho nu.
Para atrair mais as novas gerações, o velho Sigmund com o seu português cheio de sotaque chegou dar aulas no Ginásio Estadual. E, muito espirituoso ainda brincava quando um bola de papel ou um caroço de mamona batia no quadro jogadas por algum aluno desinteressado no assunto.

__Parece que uns bolinhas estão caindo por aqui?”

Na mesma época quando se cogitava construir na cidade um observatório astronômico, o primeiro da região, Dr. Ordomundi Gomes Ferreira, dono do novo loteamento da área hoje conhecida como Bairro Carioca, doou-lhe um terreno no fim da Av. Charles Berthaud com a Padre Anchieta. Ali Szabó começou efetivar o seu tão sonhado projeto de ver de mais perto as “estrelas” e o resto do infinito.
Através de uma associação que denominou CEA – Centro de Estudos de Astronomia, começou então nascer o Observatório Centauro.
Szabó apesar das limitações da idade e das deficiências físicas era um gerente dinâmico das obras. E, enquanto um pedreiro conhecido como João Gatinho trabalhava na construção das paredes e alguns meninos contratados para quebrar a pedra para fazer a brita trabalhavam, lá estava ele fiscalizar tudo. Logo as paredes subiram, o prédio ganhou a laje e depois a cúpula foi colocada. Parecia que tudo ia bem. Mas, de repente faltou verba e a obra ficou paralizada, muito embora já se podia ver de longe por quem chegava pelo trevo do Marimbeiro a imponente cúpula a refletir os raios do sol.
A notícia da construção do prédio com a sua cúpula foi registrada pelos jornais da região e até dos grandes centros. E, essa pequena cidade do interior de Minas Gerais se preparava, quem sabe, para ser uma coadjuvante na corrida espacial.
Debaixo da base, de onde sai uma coluna de sustentação de um futuro telescópio, Szabó e autoridades da época fizeram uma caixa fundamental onde em tubos de pvc foram colocados os jornais, fotos e documentos para futuras gerações, como prova dos idealizadores daquela obra de extrema importância para ciência e para o turismo.
Cambuquira passava a ser a única e privilegiada estância com um centro astronômico e seu próprio observatório.

Szabó talvez consciente que o tempo não para de passar, lutava para ver o seu projeto realizado. Dizia algumas pessoas que o conheciam mais de perto que ele tirava até recursos de sua casa para aplicar na construção daquele prédio. Por causa disso, certa vez, sem dinheiro para gasolina, como bom “cientista” adaptou ao velho carro um botijão de gás de cozinha e desta forma foi até o Rio de Janeiro.
Mas, como em outros projetos, quase nada se fez para ajudar o velho sonhador que acabou por não ver o fim da obra. Sigmund Szabó faleceu . Os documentos, telescópio e outras bens da entidade ficaram confinados por quase vinte anos num dos cômodos do almoxarifado da prefeitura e o prédio se transformou em uma habitação improvisada, apesar de inacabado, onde até porcos foram criados, para tristeza dos amantes da ciência.
Nesse período, nenhum político ou autoridade se interessou em levar aquilo para frente.

O sonho do velho judeu só voltou a ser lembrado muito tempo depois, quando a humanidade se preparava para a visita do Cometa Halley no ano de 1985. Nessa época, um grupo de pessoas, entre eles alguns alunos do astrônomo, resolveram se empenhar na conclusão das obras. Com a ajuda da comunidade e algum auxílio de órgãos públicos, o prédio foi desocupado e restaurado ficando pronto para ser usado não só para encontros do gênero como também para outras atividades. O telescópio foi remontado, apesar da falta de peças e assim outras pessoas puderam ver e outras reverem as maravilhas que o infinito nos reserva além do olho nu. O terreno foi oficialmente legalizado em nome da entidade, assegurando-lhe o destino que foi dado pelo astrônomo e pelo doador do terreno.
Desse grupo de novos sonhadores, alguns literalmente puseram a mão na massa para deixar o lugar apropriado para uso da comunidade. O cometa trouxe luz para o projeto.

Infelizmente, a cidade ainda espera a conclusão de parte das obras, como é o caso da cúpula atualmente sem condições de giro, além da aquisição e montagem de uma base com um novo telescópio capaz de servir para pesquisas astronômicas como acontecem em outros lugares do globo.
Enquanto isso, sob o comando de um jovem sonhador como o velho Szabó, a entidade teima em não morrer, apesar da continuidade do mesmo pensamento de desprezo que ainda se tem por um bem que a cidade ainda não reconhece como seu ou pelo valor que pode ter para uma cidade que ainda tem pretensões de continuar sendo um lugar turístico.
Hoje, o prédio já necessita de novas reformas, o que foi prometido pela nova direção através de um convênio com uma universidade regional, o que a "comunidade consciente" espera acontecer sob pena do sonho antigo ficar novamente adormecido.

Sigmundo Szabó, o velho judeu errante que apaixonado pelas estrelas escolheu nossa cidade para realizar o seu sonho de menino é também um dos 100 anos de Cambuquira, cuja história não pode ignorar.


Texto: Naqueles tempos árduos, mas felizes, quem escreveu este texto era uma criança que apesar da idade trabalhou quebrando pedras para as colunas e lajes do prédio que aí está. Por isso, assistiu parte dessa história, como testemunho ocular de alguns fatos.

Autor: Gilberto Lemes, Fotos: Unis/Astrobyte.


sábado, 25 de abril de 2009

ARGEMIRO MARTINS CORREA

Foto abaixo: Argemiro,D. Rosa e a filha caçula Meimei.
Falar sobre Argemiro Martins Correa é muita responsabilidade. Afinal, ele era um mestre da arte de escrever e amava fazer isso. A sua aparência e fala serenas já demonstravam que ali estava um ser diferente, e muito mais diferente para nós, pobres mortais dos dias de hoje, quando tudo tem que ser agora, “num clique”, aproveitando o novo vocabulário que a informática nos impôs.
Como pai, Argemiro deve ter sido aquele que com poucas palavras dizia tudo, como eram as suas poesias, sem perder o controle, a serenidade comum e a autoridade sem ser autoritário.
Esse caxambuense só de nascimento não conseguiu se livrar os encantos de nossa terra para onde veio em busca de uma oportunidade ainda naqueles bons tempos de progresso da Estância.
Argemiro nasceu em Caxambu em 16 de Fevereiro de 1918, sob o signo de aquário e como dizem deve ter vivido além do tempo da sua existência. Filho de José Augusto Correa e Climene Martins Ribeiro, foi casado com Rosa Junqueira de Carvalho Correa com quem teve três filhos:
José Francisco, Eduardo e Eurydice Meimei de Carvalho Correa. Para esta filha o poeta buscou o primeiro nome da literatura grega que com certeza era uma das suas fontes de inspiração e acrescentou o segundo nome tirados das obras de Chico Xavier que era o seu ídolo e provavelmente o autor de seus livros de cabeceira, pelo bom “espírita cristão” que era.
Argemiro quando chegou à cidade se empregou na Prefeitura Municipal, onde depois de se destacar pelos bons serviços e dedicação acabou cedido à Coletoria Estadual, órgão que naquela época cuidava da arrecadação, tributação e fiscalização dos tributos do Estado de Minas Gerais.E, foi nessa repartição que ele se aposentou.
Aposentado não parou de trabalhar e nunca rejeitou trabalhos. Assim durante a sua vida foi garçom, alfaiate, servidor municipal, servidor estadual, provedor do hospital, presidente do sindicato dos empregados de hotéis e similares de Cambuquira, ocupação essa que lhe obrigou a participar de vários eventos da classe até no Rio de Janeiro. Alem de todas essas atribuições, como poeta, ele teve papel preponderante na disseminação da cultura em nossa cidade e região, quando idealizou e realizou diversos eventos literários como a
“Primeira Feira do Livro de Cambuquira, ideia essa copiada depois por outros municípios da região
Em nossa cidade ele fundou e dirigiu o jornal “A Fonte” onde outros personagens da nossa história, como Martha Antiério também divulgavam os seus trabalhos literários e as notícias da época.
“Queixume” e “Caminhos” são algumas das suas obras publicadas. A primeira dedicada à poesia e a segunda, um livro de prosas, além de pequenas publicações como “crespusculários”(1969) e do “I concurso de Trovas de Cambuquira”, também em 1969.
Infelizmente a cidade de hoje desprovida de vultos como Argemiro, Martha Antiério, Mário Azevedo e outros já não realiza quase nada na área da literatura, resultado talvez da falta de interesse por esse assuntos.

Para que a vontade desse grande homem que foi Argemiro Correia não se perca no tempo, cabe a nós resgatar a história, a poesia e as letras de uma forma geral e quem sabe nesses exemplos do passado conseguiremos despertar nas novas gerações um gosto pela arte que esses mestres de ontem, como ele, nos deixaram de legado.
Obrigado Argemiro por ter escolhido nossa cidade para ser a sua também e por te-la amado muito mais do que nós ainda não a conseguimos amar!...

Na foto ao lado, Argemiro, esposa e a caçula Meimei num evento literário acompanhando os ex-prefeitos André Bacha e Dr.Antônio Almeida Oliveira, alé de outras autoridades da época.



Nota: As informações e fotos foram enviadas por sua filha Meimei.


Para ilustrar, levamos ao conhecimento algumas gotas da imensa obra que ele deixou:

Saudosismo:

“ Quem que não sente saudade
Dos tempos que já viveu,
Quando com a felicidade
Andou e não percebeu!”


E, talvez com inspiração em Meimei, sua menina ainda pequena, ele escreveu:

Simplicidade

“Ao ver passar um enterro,
A minha filhinha exclama:
Olha, papai, quanta gente
Vai carregando uma cama!...”


E, às vezes era irônico sem ser grosseiro, como:

No cemitério

“Mui falou de todo mundo
Que ali no túmulo agora,
Tem o corpo lá no fundo
E a língua enorme de fora."


No livreto do I Concurso de Trovas de Cambuquira, Argemiro ainda deu espaço para outros poetas que dele participaram, de onde tiramos alguns trabalhos dedicados a esta Estância Hidromineral:

“Longos caminhos andei
Tendo sede e fonte em mira,
Mas finalmente encontrei
As águas de Cambuquira.”


José Antônio Nazaret
Lambari- mg

"Goze a vida com saúde,
Força total adquira;
Retarde o triste ataúde
Na Fone de Cambuquira..."


Armando Marques
Belo Horizone – mg

"Virgem Santa, Salvadora,
Em que o mundo se inspira,
Sede a fonte protetora
Das águas de Cambuquira."


Numa Viallet
Belo Horizonte- mg.

"Não há fonte mais famosa
Que beleza mais inspirar
Que a da urbe tão mimosa,
Nossa amada Cambuquira."


Irmão Abílio José
Varginha-mg.

"As fontes de Cambuquira,
Entre as mais belas do mundo,
À tona são de safira
E cristalina no fundo."


Orlando Woczikesky
Curitiba – pr.






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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cícero Acayaba


Morreu, nesta terça-feira 21 de abril, Cícero Acayaba, um dos mais importantes escritores brasileiros. Nascido em Cambuquira, Cidadão Varginhense Honorário, Presidente de Honra Vitalício da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências. Nosso Poeta Maior, nacionalmente conhecido desde os tempos de novelista da Rádio Nacional, considerado como melhor sonetista do Brasil por vários críticos literários. “O eterno poeta”, como gostava de ser chamado, escreveu 130 radionovelas e 34 livros, sendo que 14 foram publicados. Durante vários anos, publicou seus textos no Jornal Sul de Minas. Uma de suas maiores obras é o “Diário Lírico”, de poesias. Escreveu livros de ficção, poesias, memórias e prosa. Além de escritor, foi radialista, novelista e advogado. Formou-se no Rio de Janeiro. Cícero trabalhou na Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de vinte anos, durante os anos de ouro do rádio. Escreveu inúmeros livros. Entre eles sua biografia, “Meu pé Direito”.
Cícero Acayaba era filho do farmacêutico Benevenuto Braz Vieira, natural de Cambuquira, um dos primeiros vereadores da vizinha cidade. Se estabeleceu em Varginha na rua Presidente Antonio Carlos, 346 onde foi dono da Farmácia Braz (hoje Farmacia Emílio) ao lado da prefeitura. Benevenuto teve três filhos: Maria do Rosário Acayaba Vieira (Mariazinha), Fabiano e Cícero, nascido em 09/02/1925 em Cambuquira, mudou-se para Varginha em 1936.
Fonte: Blog do Madeira

Na foto 3/4 ele, captado, com certeza, num momento de alegria, como ele devia ser para se tornar o poeta de sempre como bem definiu Madeira. Na outra, num encontro da turma quando a literatura deve ter sido o prato principal.
Com a sua ida para o andar de cima, Varginha fica mais vazia e Cambuquira mais triste com o vazio que vai ficar a representação cultural de nossa cidade. E, como foi comentado no Blog Cambuquira, já deve ter se encontrado com outros tantos poetas cambuquirenses que se foram: Mário Azevedo, Thomé-Manoel e José V.Brandão, além de Martha Antiério, Argemiro Correia e outros mais.

AGOSTINHO FRANCO


Agostinho Franco foi um profissional perfeccionista na sua área de atuação, a construção civil. Uma das características desse homem, além do capricho, era o seu zelo pela limpeza nas obras, algo quase que inexistente quando se fala em canteiros de obras. Se era ele o responsável não havia sujeiras, tábuas com pregos ou refugos, pois antes de fechar o período de trabalho, todos os funcionários tinham que pegar a vassoura, enxadas e pás para retirar todos os entulhos, além de material que pudesse ser reaproveitado e outros que oferecem algum perigo.Nas suas obras não acontecia o tão costumeiro desperdício que assistimos em quase todo Brasil.

Os prédios construídos por ele estão aí como viva da competência, zelo e amor que tinha pelo seu trabalho, um exemplo a ser seguido.

Homem sério, enérgico mas ser mal educado, o Sr. Agostinho foi um daqueles personagens que sem saber ou sem levar em consideração, ajudaram no desenvolvimento da cidade nesses seus "100 anos de existência". E, por ter sido ele um exemplo de vida merece aqui um espaço e o nosso agradecimento.

Biografia de Agostinho Franco- enviada pela neta Gisele Franco Messias.

Agostinho Franco nasceu no dia 11 de Janeiro de 1907 em Cambuquira.

Casou-se com Elza Hoehne ,nascida em Sabará,filha de alemães.

O casal teve 21 filhos ,sendo que somente 12 sobreviveram.

Tirou a licença no CREA-Alfenas para assinar a construção da Creche Lar de Meimei ,que agora se chama Creche Cantinho Feliz

Fez várias construções em Cambuquira,como o Antigo Hotel Marimbeiro , azulejou a piscina do CTC, construiu a casa na Avenida Floriano Peixoto, onde agora funciona o Abrigo São Francisco de Assis,incluindo o piso da sala principal que até hoje continua o mesmo,foi feito por ele,peça por peça,uma verdadeira obra de arte,foi tirado o modelo do piso de uma revista alemã.

Ajudou na construção da Cúpula do Hotel Elite, Loja do Sr.Itamar Carim.

No Bairro Regina Coeli construiu a Venda do Sr.Zezé .

Fez a casa do Dr.Thomé Brandão.

Fez uma casa na Rua da Figueira e foi a primeira família a ter energia elétrica em casa , ele fez os postes de cimento e puxou a luz ,isto acabou beneficiando várias famílias.

Também fez outras casas de pessoas conhecidas na cidade,como: Sr.Antônio Menezes, Sr João Quatro Conto, Sr.José Dias ,Dr,Benedito Valias,Dona Geni,Sr.Oscar Marques,Dona Zuleika Pimenta , a casa do Sr.Sigmund Szabo, que era responsável pelo Observatório ,esta casa já foi demolida.

Também construiu uma casa para a sua família no Bairro Carioca,aonde minhas tias vivem até hoje.

Sempre foi um pedreiro exemplar, dedicado, com amor ao que fazia,respeito a natureza e um profundo conhecedor da Biblia ,sempre citava alguma passagem bíblica para os filhos,netos,me lembro de algumas,também era devoto de Nossa Senhora Aparecida.

Deixou 12 filhos,muitos netos,bisnetos,tataranetos e um ensinamento grandioso para todos nós da FAMÍLIA FRANCO:que não devemos temer nenhuma pessoa,que somos todos iguais perante a Deus, devemos respeitar as pessoas.

Ele faleceu em 18 de abril de 1994 deixando muita saudade em todos nós de sua família.

Cambuquira, 22 de abril de 2009

Na foto acima, Agostinho Franco, sua filha Sônia e a esposa D.Elza Hoehne.

domingo, 19 de abril de 2009

JOÃO GUARINO SABIÃO

João Guarino, pela sua simplicidade e pela atribuição de jardineiro oficial da Prefeitura Municipal de Cambuquira poderia ter passado nesta vida como outros tantos cidadãos comuns que lidam nessa profissão. Mas, o velho Guarino, como ficou conhecido, não foi assim. Tinha esmero nas coisas que fazia e os jardins da cidade no seu tempo primavam pela beleza. As podas eram feitas com cuidado e técnica apurada, a grama bem aparada e tudo era perfeito.
A casa em que morava, conhecida na cidade como Vila Natália era um pomar cheio de frutas e flores, onde na entrada se podia ver um longo canteiro de hortências e margaridas sempre floridas que, com certeza, era uma das atrações turísticas da cidade, conforme de pode ver na foto que alguém tirou daquela maravilha para posteridade.
Ele era um servidor público que vestia realmente a camisa do emprego porque gostava realmente do que fazia.
A se alguém apanhasse uma flor e ele visse! O seu modo italiano de falar já assustava qualquer moleque com segundas intenções e por isso todos o respeitavam sem ter nenhuma antipatia por ele.

Numa determinada data dos anos 60 ele ficou incumbido de cortar as frondosas árvores da Alameda do Parque devido a uma praga de pequenos
insetos que apareceu na cidade, um tal de "lacerdinha" como ficou conhecido. Foi um protesto danado por parte de alguns que ainda não sabiam da existência daquele minúsculo bichinho que não poupava os olhos de ninguém.
A queixa de alguns foi que essas árvores plantadas lá pelos anos 20, como aparecem em várias fotografias da época era uma tradição da cidade. Mas, quem experimentou a ferroada nos olhos aprovou. E, as árvores foram derrubadas e no seu lugar foram plantadas outras,"espatódias" e "magnólias" que estão por lá até hoje.
Guarino se gabava de ser bom pescador, hobby que ele adorava e nele ficou famoso. E, suas proezas nem sempre as pessoas acreditavam até que um dia resolveu mostrar a prova com alguns "dourados" dos grandes ou sei lá que peixes eram.









"__Aqui está a prova para esse povo intrometido não chamar mais a gente de mentiroso!..." E, com Braizinho Ponzo, Torininho e outros registraram o fato que ficou aí para quem quiser ver.

João Guarino Sabião foi um daqueles 100 personagens que fizeram os 100 anos de Cambuquira.

Fotos enviadas pelo seu neto Renato Braga (Filho de Zélia Maria. Esta, filha de João Guarino Sabião)

sábado, 18 de abril de 2009

THOMÉ DIAS DOS SANTOS BRANDÃO.


Thomé Dias dos Santos Brandão foi o segundo prefeito de Cambuquira, governando a cidade de 1912 a 1917 e mais tarde de 1922 a 1925.Na primeira vez substituiu Raul sá, respondendo na interinidade até ser nomeado Prefeito efetivo em 25 de maio de 1912.
Foi no seu governo que a cidade completou o seu processo de efetivação como município independente com a efetivação dos direitos de propriedades na zona urbana e suburbana.
Ainda no processo de implementação da cidade, Dr. Thomé cuidou do termino das obras de infra-estrutura começadas na gestão passada de Raul Sá, além de implantar novas obras como a construção de galerias pluviais, alinhamentos de ruas e a determinação da numeração que perdurou por muito tempo e ainda hoje é usada pelos mais velhos, como a "Avenida Quatro" denominada oficialmente bem mais tarde e Clóvis Andrade Ribeiro, em homenagem a um destacado "coletor estadual".
Até então, todo esgoto era lançado no córrego que nasce ao pé da serra de Santa Quitéria, sendo assim em comum acordo com Rodolpho Lahmeyer, proprietário da Chácara das Rosas, o novo prefeito construiu a primeira rede de esgotos da cidade livrando a área do mal cheiro e moscas que existia no centro da cidade.
Para que a cidade progredisse na área do turismo entre outras necessitava de estradas, o que cuidou Dr. Thomé Brandão de pleitear junto ao Presidente da República Marechal Hermes da Fonseca auxílio para que se concretizasse a obra ligando as três principais cidades das águas minerais com a "rodovia das Estâncias".
Além dessa estrada, no seu governo a cidade ganhou uma estrada nova para Três Corações.
Este homem que não tinha raízes familiares na cidade para onde fora nomeado pelo governo se apaixonou por Cambuquira. Médico, poeta e escritor cuidou de fazer os primeiros registros históricos da cidade, base para um trabalho maior e mais completo feito posteriormente em conjunto com o seu filho, que veio com ele ainda criança para nossa cidade e igualmente se apaixonou por essas terras e por esse povo: Manoel Brandão.
Na foto abaixo, Dr.Thomé aparece no carro da direita com o que se considera a primeira jardineira da cidade. Estava o então prefeito inaugurando a nova estrada entre Cambuquira e Três Corações em maio de 1934. Já na foto menor, a inauguração da Estrada que ligava ao Rio de Janeiro via Caxambu, traçada com suas pontes pelo engenheiro Gabriel Flávio Carneiro (Dr. Bilotti) que se tornou também cidadão cambuquirense.

A cidade reconheceu o valor de Thomé Brandão para cidade e a sua dedicação e esmero que contribuiu para que aqui se instalasse uma das mais belas cidades de Minas, que mais tarde foi chamada de paraíso por outro médico apaixonado, no caso Dr.Vicente Urti.


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Raul de Noronha Sá


O Governo Federal, na época sediado no Rio de Janeiro, Capital Federal, depois de análises e mais análise, estudos,etc.etc. resolveram no ano de 1909 pelo Decreto 2.528 do dia 12 de maio, criar a Prefeitura Municipal de Cambuquira, efetivando desta forma a transformação da promissora vila em uma cidade, até então Distrito de Três Corações,transferido do município de Campanha.
Como primeiro prefeito foi nomeado o caxambuense RAUL DE NORONHA SÁ.
No seu governo, cuidou-se de dar a cidade em formação o aspecto que tem hoje a parte mais antiga. Então,ruas foram alinhadas e traçadas com vista aos novos tempos e diferentemente das suas vizinhas.Assim,a cidade recebeu vias largas, praças e calçadas amplas, hoje uma característica peculiar que hoje ainda se pode ver ao andar pela cidade.Tudo aquilo foi feito para que aquele um "lugar de roça", conforme definiu Manoel Brandão, se transformasse num lugar capaz de hospedar gente da cidade, principalmente da Capital Federal que devido a propaganda das águas que eram atraídos para descobrir a nova Estância.

Raul Sá cuidou de trazer iluminação pública para Cambuquira. Para isso chamou um empresário de Mococa, Estado de S.Paulo que já tinha alguma experiência no negócio de geração de energia. O prefeito em 1910, através de Pedro Nicola e Leonardo de Freitas, instalou na cidade onde hoje é a loja de material de construção de Fábio Cipó, uma usina de geração de energia elétrica com propulsão a vapor e lenha como as antigas locomotivas.
Esse prefeito governou a cidade até 18 de janeiro de 1912, tendo sido substituído por Thomé Brandão.

Depois disso não se falou mais em Raul, que mais
tarde se tornou Deputado Federal por Minas Gerais,tendo inclusive representado nosso Estado em alguns eventos importantes junto à sede do Governo Federal, além de ter participado como constituinte da Carta Magna de 1934.
Ainda naquele tempo, Américo Werneck que também havia residido em Cambuquira, teve alguns problemas com o nosso ex-prefeito, como conta o artigo fragmentos da história de um site de Lambari, por causa algum problema com a exploração das águas e do parque daquela cidade.
Raul Sá, embora a história não cite nada, não deve ter se esquecido da cidade que o lançou na política e na história, pois por aqui parte de sua família se enraizou através de sua irmã que veio ser mãe de Jorge de Sá Noronha, mais tarde também prefeito da cidade.

domingo, 12 de abril de 2009

CAPITÃO NECO

No ano de 1899, quando a vila engatinhava ainda para ser algo mais que um simples povoado, conforme se pode ver na foto tirada naquele tempo, Manoel Rodrigues Costa foi nomeado em 11 de novembro para ser o chefe do posto dos correios daquele lugar, exercendo esse cargo até 7 de setembro de 1901, quando foi substituído por Antônio Garcia de Oliveira.
Cap. Neco, como passou a ser conhecido devido a patente, com certeza adquirida a peso do ouro como era de costume naquela época, ainda se destacou na vila como o autor e executor do primeiro projeto de captação e fornecimento de água para hotéis e residências que surgiam do dia para noite naquele lugar.Assim aquela nova cidade que se despontava já surgia com um dos poucos lugares da região com esse luxo, já que o aumento de turistas e pessoas que chegavam a procura de cura pelas águas e pelos tratamentos do médico e cientista Charles Berthaud.
O Capitão, pessoa respeitada na comunidade também deve ter assumido os negócios rurais da família, que deve ter herdado do seus pais aliado ainda à parte de sua esposa, filha única de Amâncio e Ana Francisca*, falecida em 6/9/1869. Tiveram Neco e Ana Rita da Silva Lemes oito filhos (Arlindo, Armindo Costa-fotógrafo, Alvaro, Djalma, Elvira, Elvira, Clélia, Anita e Djanira).

*(filha de Amâncio da Silva Lemes e de Ana Francisca de Jesus, sendo Amâncio, por sua vez, filho de José Vicente da Silva Lemes e Ana, filha de Antônio Joaquim da Silva Lemes, pai também do conhecido Cap.Cláudio.).

segunda-feira, 6 de abril de 2009

JORGE SÁ DE NORONHA.


Jorge Noronha, filho de Oscar Noronha e de Ester Sá de Noronha (irmã do primeiro prefeito de Cambuquira), casado com Jecy Caldas Beirão de Noronha, foi prefeito de Cambuquira por duas vezes, ocasiões estas quando ele governou a cidade com muito amor e dedicação, além de firme austeridade, ética e moral.
Formado como técnico de natação pelo Minas Tênis Clube de Belo Horizonte, trabalhou aproximadamente por 10 anos no CTC onde conseguiu fazer cinco campeões brasileiros infanto-juvenis, todos eles cambuquirenses. Ale´m disso, foi secretário da Câmara Municipal antes de encarar a empreitada de comandar a cidade.

Como prefeito, foi incentivador de esportes. Nessa área, reformou o Cambuquira Tênis Clube com a construção e remodelação das quadras, inclusive a cobertura da quadra de basquetebol, inclusive a aplicação de pintura acrílica do piso desta.
Com ele, Cambuquira sempre teve incentivo para os eventos esportivos. E, foi nesse tempo que a cidade assistiru a Temporada Esportiva, Jogos de Inverno, além de outros torneios de Futebol, Vôlei, Basquete e Natação.
Na área da Cultura, Jorge Noronha promoveu o Festival da Música Sertaneja com participação de cantores de toda região e de outros lugares do país, Concurso da decoração de Natal, Eventos sobre Meio Ambiente, entre outros. Preocupado com a crescente queda do turismo, promoveu a divulgação da Estância Hidromineral na media nacional, inclusive na televisão.

As praças e vias públicas receberam grande atenção desse prefeito que zelava pela aparência da cidade. Foi com ele que várias praças tiveram efetivadas algumas reformas e remodelações, além da construção de duas outras: a praça 13 de maio no Bairro Carioca e a pracinhha 12 de maio na confluência da Paulino José Soares com João de Brito Pimenta.

Ele dava importância a fama da cidade como uma das mais arborizadas da região e por causa disso promoveu o plantio de várias mudas, inclusive em bairros fora da área central.
Uma das praças que ele deu atenção foi a Thomé Brandão, antes um lamaçal que prejudicava aqueles que frequentavam a Igreja Matriz, tornando-a no que é hoje uma vasta praça com estacionamento, gramado e vielas seguras de se andar. Outra área de sua preocupação foi a iluminação pública, onde ele implantou a instalação de vários postes em praças e jardins melhorando a segurança dos pedestres, além de exibir a beleza da cidade aqueles que a visitavam também à noite.
Algumas ruas receberam calçamentos de bloqueto, pedra e até asfalto. Entre as vias que receberam esse benefício no seu governo estão várias ruas do bairro Carioca, a Álvares Cabral no Regina Coeli, vias próximas ao centro e o preparo para asfaltamento da Av. NS. Do Rosário com término pelo seu sucessor.
Preocupado com a falta d’água que acontecia na cidade, tratou de implantar a captação e o abastecimento para os bairros de Fátima e S.João.
Foi dele também a melhora do sinal de tv recebido na cidade com a montagem de nova subestação de retransmissão. Na zona rural, construiu ou melhorou várias estradas para facilitar o trânsito dos produtos, principalmente o café, principal gerador de empregos e rendas na cidade.

Na área adminstrativa interna, criou o Departamento de Pessoal e Assessoria Jurídica, alem da consolidação dos departamentos de Educação e Esportes

No seu governo, Cambuquira recebeu a visita de várias autoridades, entre eles Juscelino Kubitschek de Oliveira que na cidade participou de vários bailes famosos já que era um famoso “pé de valsa”. Ernesto Geisel também esteve na cidade por ocasião da inauguração da BR 267, com solenidade no trevo do triângulo.


Geisel também esteve antes como chefe da casa militar, além de José Maria Alckmim, Israel Pinheiro e José de Magalhães Pinto, além de Tancredo de Almeida Neves.


Esse prefeito com sua administração austera exerceu bem o seu papel de conservar e melhorar os já existentes dotes adquiridos que fazem dessa cidade um dos lugares mais bonitos do Brasil. Na sua visão de que a cidade como Estância Turística devia se conservar limpa e bela, além de promover as remodelações e construções citadas, mantinha a cidade extremamente limpa, o que ele fazia questão de dizer no slogam “Cidade Limpa é cidade civilizada”,ditados esse que usou para conscientizar a população e visitantes.

A política

Jorge Noronha, como falam os que o conheceram de perto, não era um político e talvez tenha entrado para essa área como uma alternativa daqueles que almejavam mudar os rumos da administração da cidade. Entre estes cidadãos, estava Zedias (José Dias da Silva). Sendo assim, aliado ao carisma de homem sério que era além do parentesco com o primeiro prefeito da cidade, o Candidato dos Gravetos (ou dos lambaris, como dizem outros) chegou à prefeitura.
“Gravetos x tarugos” ou “Lambaris contra tubarões”?
Esse foi com esses cichês, que Jorge Noronha ganhou a sua primeira campanha para prefeito de sua cidade.
No seu comitê montado no Bairro da Lavra (na casa de José Silva ou perto dali) existia um serviço de auto-falante que nos moldes de uma rádio transmitia uma programação e fazia a sua propaganda eleitoral.

O som, por ser o lugar um dos mais altos da zona urbana, podia ser ouvido em boa parte da cidade:
“__Lambaris contra tubarões!” – Esse era o principal “slogan” da campanha que queria levar ao público que aquele candidato era verdadeiramente o representante do povo contra as “elites da época”.( Parece até que alguns políticos lá de Brasília copiaram isso de Cambuquira.).
José Fonseca Filho era o locutor inflamado com palavras de ordem cheias de patriotismo contaminou o povão, principalmente a população daquele bairro.

Jorge Noronha ganhou a disputa.

No dia da apuração, lá estava grande parte da população, inclusive vários meninos que nem entendiam muito bem o significado daquele processo legislativo estavam ali levados pelos pais, loucos por saber o resultado do pleito. E, Jorge Noronha saiu vitorioso e foi praticamente carregado por um grupo liderado por Inácio Prequeté, um dos fanáticos cabos eleitorais.
O candidato dos “lambaris” tinha vencido. Só sei que aquilo foi uma reviravolta na política local.Isso aconteceu em 1962. E, seu governo foi de 31/01/63 a 31/01/1967. Ele ainda foi prefeito mais tarde: de 12/05/1983 a 01/01/1986.

Era um eterno apaixonado pela cidade. Contam algumas pessoas que quando saía em viagem para visitar uma das filhas que ainda hoje reside fora, já no Marimbeiro começava a suspirar.Isso acontecia, porque Cambuquira ia ficando para atrás e isso ele não suportava. Apaixonado que era pela sua querida terra, doía abandoná-la nem que fosse por pouco tempo.

Jorge Noronha, o prefeito apaixonado, faleceu no fim da década de 90 quando nossa rádio comunitária ainda estava no ar. E, tão logo foi anunciado o seu falecimento milhares de pessoas vieram à cidade prestar as última homenagens a um homem que viveu para amar Cambuquira. E, mesmo com a sua postura séria foi capaz de angariar simpatia até dos adversários, dos servidores municipais e da gente da comunidade. Faz falta gente assim hoje em nossa cidade.
FOTO DA FAMILIA

As fotos ao lados:A Familia Noronha:

Oscar Noronha, Ester Sá de Noronha e filhos: Da esquerda para a direita: Roberto Sá de Noronha,Luis Sá de Noronha, Madalena Sá de Noronha,Oscar Sá de Noronha Filho(que foi Dep Federal),Amália Sá de Noronha,Jorge Sá de Noronha. E, a casa dos Noronha, que existia onde hoje é o Posto Petrobrás.

NOTA: Se alguém tem mais algum dado ou tenha encontrado algum erro de informação no texto, favor se comunicar com o blog através da caixa de e-mail no alto da página na barra lateral.


Fotos fornecidas por Marília Noronha, sua filha.

sábado, 4 de abril de 2009

DR. VICENTE URTI.

Dr.Vicente Urti é um daqueles benfeitores da cidade que poucos conhecem ou talvez nem tenham ouvido falar dele. Como a história é ingrata ou aqueles que a escrevem às vezes descuidam, o tempo vai cuidando de apagar os fatos e com isso o povo esquece os verdadeiros vultos.
Esse médico que escolheu nossa cidade para clinicar no começo de sua carreira, pelo que parece tinha a intenção de ficar. Mas, a família desejava que ele tivesse mais sucesso na profissão, como aliás aconteceu no Rio de Janeiro.
Ele,Manoel Brandão e outros políticos da época planejaram e executaram a construção do prédio do Hospital Geral de Cambuquira. E, com a ajuda da comunidade, principalmente dos empresários rurais e urbanos, o ideal se concretizou. Assim, a cidade ganhou um dos prédios mais bem estruturados para ser um centro de saúde.
Dr. Vicente, também quase centenário, aposentado depois de muitos anos como médico ginecologista e obstetra no Rio, agora virou turista e quase não sai da cidade que, no fundo do coração ele nunca deixou.

Veja belo trabalho "Considero Cambuquira o meu paraíso"de autoria de Ana Paula Lemes de Souza onde ele conta essa sua importante passagem pela cidade hoje tão diferente daquela que ele conheceu ainda jovem, mas que ainda desperta paixão em muitos desses eternos cambuquirenses de coração como ele.

Na entrevista ele conta com detalhes a sua vida na cidade, os cargos e as obras. (Vale a pena ler para conhecer.)

CONSIDERO CAMBUQUIRA O MEU PARAÍSO

Ana Paula Lemes de Souza

Dr. Vicente Urti: nome de um dos maiores benfeitores de nossa Cambuquira e figura de grande importância da nossa história.
Com 93 anos de idade, de muita saúde, e 69 anos de clínica médica, o ilustre 3° Presidente dessa Casa Legislativa nos conta sobre sua paixão por Cambuquira e pela medicina.

01) Como e quando o senhor ficou conhecendo Cambuquira?
A primeira vez que aqui estive foi em 1940. Eu trabalhava em um Hospital do Rio de Janeiro, cujo Chefe era compadre de um médico de Cambuquira, chamado Dr. Emílio Póvoa, que aqui clinicou em 1937, 1938 e 1939, deixando a cidade para se instalar em São Lourenço, lugar em que chegou a ser prefeito por duas vezes.

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DESTAQUE FINAL DA ENTREVISTA:

11) Para finalizar, deixe um recado para os futuros políticos da cidade e conte seus desejos como médico, e cambuquirense de coração, para o futuro de nossa Cambuquira.

Desejo que os novos políticos façam duas coisas: o melhoramento e a divulgação de nossa cidade. Do contrário, aqui não vai pra frente. Cambuquira quase não é conhecida. Só se fala em São Lourenço.
Em relação à saúde, desejo que a Prefeitura zele pelo Hospital, e dê incentivos para a sua manutenção. Uma coisa que sou contra é a denominação “Lar de Meimei”. Nome de hospital é o nome da localidade, como “Hospital Geral de Cambuquira”, ou o nome de uma pessoa que foi seu beneficiário, ou, ainda, de grandes nomes da medicina.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

CASAL SALLES GOMES

Antenor de Salles Gomes (1900-1970), homem de conhecimento e de influência na vida política e pública da cidade. Foi membro fundador e de diretoria do Rotary Club e candidato a prefeito. Um dos donos do antigo Hotel Vitória, também foi um dos mais bem sucedidos produtores de café da região.E, deu à sua esposa, Dona Mariazinha, forte apoio moral e material para todas as obras sociais por ela realizadas.

Maria Laura de Salles Gomes, conhecida como Dona Mariazinha, nasceu em 1907 em Cambuquira.

Participou ativamente de obras sociais como a Organização das Voluntárias de Cambuquira e do Posto de Puericultura. Foi a vereadora mais votada na Administração do Dr. Gabriel Carneiro. Ex-diretora do Hospital Geral, membro do Rotary Clube, da Câmara Municipal e da Casa da Amizade. Fundadora da Creche Cantinho Feliz e do Centro Espírita Cristão de Cambuquira, em ambos ainda faz parte da diretoria. Paraninfa de muitas turmas, sempre foi animadíssima. Seu apoio e participação em quermesses, festas juninas, bazares é lendário. Sua casa sempre foi e continua sendo uma fonte extra na cidade, onde muitos vão buscar ajuda, auxílio e conselhos, na plena certeza de que a dona da casa ouvirá atentamente os seus desabafos. Dona Mariazinha vive ainda na mesma casa que seu marido construiu em 1947. Ao seu inesgotável espírito criativo se deve sua obra beneficente do momento, a distribuição de pães aos carentes. Dona Mariazinha e Cambuquira… duas centenárias sorrindo uma para a outra…

Texto e fotos enviados por Telma da Silva - Londres - Reino Unido.



D. Mariazinha faleceu em 03/03/2012 aos 105 anos. Deixa um vazio irrecuperável em nossa cidade. Pois, apesar da idade, ela sempre foi uma pessoa presente na vida de nossa cidade. Gostava de ajudar aos que precisavam e isso marcou a sua passagem por essa terra.